A Linguagem dos Mistérios e Suas Chaves
 

Revista Esfinge – Nº 09

 

Todas as teologias, desde as mais antigas até a última, surgiram não apenas de uma origem comum de crenças abstratas, mas de uma linguagem esotérica universal.

 

A chave dessa linguagem esotérica antiga, ou língua dos hierofantes está contida e pode ser encontrada tanto nas religiões antigas como nas mais atuais. Essa língua tinha e tem sete chaves ou dialetos - por assim dizer - de interpretação. Cada chave se refere a um mistério da natureza, ou seja, a Natureza podia deste modo ser lida em sua plenitude ou considerada sob um de seus aspectos especiais.

 

Afirma-se que a Índia, incluindo suas antigas fronteiras, é o único país que conta ainda com adeptos que ainda possuem o conhecimento dos sete subsistemas e do sistema completo. No Egito, desde a queda de Mênfis, se começaram a perder essas chaves, e os Caldeus apenas conservavam três na época de Berosus. Os hebreus só conheciam três dessas chaves: numérica, astronômica e geométrica, para simbolizar as funções humanas, especialmente as fisiológicas.

 

Parte dessa linguagem também se encontra nos dogmas da religião cristã, e assim se fala de uma Trindade, da ressurreição dos mortos, dos sete pecados capitais e as sete virtudes, do dilúvio, etc. Cada religião antiga não é mais do que um capítulo ou dois do volume dos mistérios arcaicos primitivos e tem, além do mais, duplo aspecto: um externo para o culto popular e a massa - para que cada um possa entender segundo sua mentalidade e possa se aperfeiçoar - e outro interno ou esotérico, que só é conhecido por aqueles que iniciam um caminho de busca mais profunda de si mesmos e, como seres que estão inseridos na Natureza, pretendem conhecer suas leis para ajudar no seu desenvolvimento.

 

Os dogmas exotéricos podem ter mudado, podem ter sido alterados amiúde, mas não os mistérios de iniciação. Os sacerdotes egípcios haviam esquecido muitas coisas, mas não alteraram nada. A perda de grande parte dos ensinamentos primitivos foi devida à morte repentina de grandes hierofantes, que faleceram antes de ter tido tempo de revelar tudo a seus sucessores e, acima de tudo, à falta de herdeiros dignos do conhecimento, já que o conhecimento implica poder. Mas isso é outro tema.

 

Ainda que se suponha que todo o ciclo da linguagem universal do Mistério não tenha sido dominado durante séculos, basta o que tem sido descoberto na bíblia por alguns sábios comparados com outros livros tão ou mais antigos do que esse - que também foram importantes para outras culturas  para demonstrar o que se afirma.

 

Todos os registros antigos estavam escritos numa linguagem universal, que era conhecida por todas as nações. Uma passagem da bíblia diz que quando a torre de babel era construída todos falavam o mesmo idioma até a sua destruição.

 

Todos os símbolos e números bíblicos sugeridos por observações astronômicas pois a astronomia e a teologia estão estritamente conectadas - se encontram nos sistemas indos, tanto externos quanto internos. Esses números e símbolos do zodíaco, dos planetas, seus aspectos e peculiaridades, conhecidos na astronomia como sextantes, quadrantes, etc, têm sido usados durante séculos pelas nações arcaicas e, em certo sentido, têm o mesmo significado dos números hebreus.

 

As primeiras formas de geometria elementar deviam estar relacionadas com a observação dos corpos celestes e seus agrupamentos. Daí serem os símbolos mais arcaicos no esoterismo oriental um ponto, um círculo, um triângulo, um quadrado, um pentágono, um hexágono e outras formas planas com vários ângulos. Isso demonstra que o conhecimento e uso da simbologia geométrica é tão antigo quanto o mundo.

 

Cada cosmogonia começa com um círculo, um ponto, um triângulo e assim até o número nove, sintetizado pela primeira linha e um círculo; isso é o número 10. Por isso se encontram números e figuras usadas como expressão comum em todas as escrituras simbólicas antigas.

 

A década e suas mil combinações se encontram em todas as partes do mundo. Pode ser reconhecida nas cavernas, nos templos abertos na rocha do Indostão e da Ásia Central, nas pirâmides e monolitos egípcios e americanos, nas ruínas de Palenque, na Ilha de Páscoa, em todos os lugares que o homem antigo pisou.

 

Nas costas das estátuas que se encontram na Ilha de Páscoa, aparece desenhada uma cruz ansata, a mesma que desenharam os egípcios (Ankh). Na América do sul, se encontra esculpida no topo de algumas montanhas a estranha figura de um homem estendido numa cruz. E na religião cristã quantas vezes temos visto um crucifixo sem entender realmente o seu significado.

 

Entre os astecas, existe um relato igual ao do dilúvio que conhecemos. A pirâmide de Papatla tem sete pisos. Três escadas conduzem ao seu topo; seus degraus estão decorados com figuras geométricas cujo valor faz alusão aos dias do seu calendário civil, 318. Esse número é um valor abstrato e universal que faz referência ao valor do diâmetro tomando a circunferência como unidade. Também é o valor gnóstico de Cristo e o famoso número dos circuncidados de Abraão.

 

Tomemos um exemplo: 10. Vejamos como interpretar essas duas letras que parecem não dizer nada.

 

Uma pessoa que só tenha os conhecimentos normais verá representado o número 10, 10 unidades de qualquer coisa.

 

Se tivesse conhecimento de línguas o associaria com a palavra "eu" em latim ou italiano. Um filólogo encontraria a relação com línguas mais antigas, chegando até a raiz que daria uma idéia de divindade.

 

Para os estudiosos de religiões compradas seria o deus primordial. Representa a união do espírito (I) com a matéria (O). A letra "I" seria o elemento masculino vertical que penetra no ovo, elemento feminino horizontal cuja gestação dará lugar aos diversos mundos. Uma das vantagens do símbolo é mostrar através de uma breve representação uma realidade cheia de significados.

 

As sete chaves desvelam os mistérios passados, presentes e futuros. "A vocês é dado saber o mistério de Deus, mas aos que estão fora todas as coisas serão comunicadas por parábolas”.

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