As Três Partes da Alma e A Nossa Alma e os Quatro Corpos Inferiores

 

Cabala - O caminho da Sabedoria
Elizabeth Clare Prophet

 

As Três Partes da Alma

 

O Zohar diz que a alma tem três partes: nefesh, ruah e neshamah. Cada parte vem de uma sefirah diferente. Nefesh é a parte da alma que dá vida ao corpo e o sustém. A sua origem é a sefirah Malkhut. O Zohar diz que nefesh estimula o corpo a observar os mandamentos.

 

A segunda parte da alma, ruah, é o espírito, o centro do intelecto e da razão que nos permite transcender a mera existência humana. Ruah origina-se em Tiferet. É "o poder ético para distinguir entre o bem e o mal", escreve Scholem.

A terceira parte da alma, neshamah, é conhecida como a alma espiritual, alma santa ou centelha divina. É descrita no Zohar como uma centelha de Binah, pois vem dessa sefirah. O autor Sidney Spencer escreve:

 

Neshamah é literalmente "respiração"; é o "sopro de uma espiritualidade mais elevada, a ponte que liga o homem ao mundo celestial", É uma emanação de Binah, a Inteligência Divina e une o homem a Deus.

...é uma expressão individualizada do divino. Como diz o Zohar, é na sua essência "a Alma Suprema, a alma de todas as almas, inescrutável e incognoscível, velada por uma cobertura de demasiado brilho" (2:245a). Ao entrar nas profundezas do seu próprio ser, o homem reconhece a presença de Deus.

 

Todos temos o potencial para realizar os três graus da alma, dizem os cabalistas, mas estes graus não são automaticamente ativados em todas as pessoas. Nefesh está ativa em todos, mas as outras duas partes só são ativadas pelo merecimento. Scholem diz que ruah e neshamah só são encontradas no homem que despertou espiritualmente e fez um esforço especial para desenvolver os seus poderes intelectuais e sua sensibilidade religiosa. Ruah... é despertada num momento não específico quando um homem consegue elevar-se acima do seu lado puramente vitalista. Mas é a mais elevada das três partes da alma, a neshamah ou spiritus, que é a mais importante de todas. Ela é despertada num homem que se ocupa com a Torá, e com os seus mandamentos, e abre os seus poderes mais elevados de compreensão, especialmente a sua capacidade para apreender de forma mística a Divindade e os segredos do universo. Ao adquirir [neshamah] , o cabalista realiza assim algo do divino na sua própria natureza.

 

O Zohar diz que neshamah é ativada dentro de nós quando nos esforçamos por alcançar a retidão e a pureza. Diz também que observando os níveis da alma podemos aprender sobre as sefirot:

Nefesh e ruah estão interligadas, enquanto neshamah reside no caráter do homem - uma morada que não pode ser descoberta ou localizada. Se um homem se esforçar por alcançar pureza de vida, ele é ajudado pela santa neshamah, através da qual ele é purificado e santificado e alcança o título de "santo". Mas se ele não se esforçar por alcançar retidão e pureza de vida, é animado apenas pelas duas partes, nefesh e ruah, e fica desprovido de uma neshamah sagrada. Mais ainda, aquele que começa a profanar a si mesmo é levado a uma profanação cada vez maior e o auxílio do céu é-lhe retirado. Assim, cada um é levado pela senda que escolhe.

 

Felizes são os justos neste mundo e no seguinte, porque eles são completamente santos. O seu corpo é santo, a sua alma (nefesh) é santa, o seu espírito (ruah) é santo, a sua alma superior (neshamah) é o santo dos santos. Estes são os três graus de indissolúvel unidade.

 

Se um homem trata bem a sua alma (nefesh), desce sobre ele uma certa coroa a que se chama espírito (ruah), que o impulsiona para uma contemplação mais profunda das leis do Rei Sagrado. Se ele tratar bem o seu espírito, é investido com uma coroa nobre e sagrada chamada alma superior (neshamah), que pode contemplar tudo...

 

Observando estes níveis da alma, obterá uma compreensão sobre a Sabedoria superior, e tudo é Sabedoria, para que possa aperceber deste modo assuntos que estão selados [i.e., aperceber as sefirot].

O Zohar prossegue dizendo que Abraão alcançou o nível mais elevado da alma. Pelo Zohar, certos eventos da vida de Abraão são interpretados como símbolos dos testes da alma que ele precisou enfrentar ao procurar unir-se a Deus. Estes ensinamentos são profundos e de uma relevância instantânea para a subida da nossa alma à Árvore da Vida. Pois toda a alma que busca unir-se a Deus deve passar pelas mesmas iniciações que Abraão passou.

 

No tempo em que Abram [Abraão] entrou na Terra, Deus apareceu-lhe e ele recebeu aí uma nefesh, e construiu um altar para o nível correspondente (de divindade) [a sefirah correspondente]. Então, "ele viajou para o Sul", recebendo uma ruah. Finalmente, elevou-se à altura em que podia unir-se a Deus por intermédio da neshamah, na qual construiu "um altar para o SENHOR", indicando o grau mais recôndito a que corresponde a neshamah.

 

Ele então descobriu que precisava testar a si mesmo e imbuir-se de graus, portanto, foi para o Egito [um país de feiticeiros, simbolizando o domínio das forças do mal e da magia; mundanismo, o mundo material]. Ali, evitou ser seduzido por essas essências brilhantes e depois de testar a si mesmo, voltou para o seu palácio: ele "subiu" do Egito literalmente fortalecido e confirmado na fé e alcançou o mais alto grau da fé. Daí em diante, Abraão conheceu a mais alta Sabedoria, agarrou-se a Deus e tornou-se a mão direita do mundo.

 

O que acontece às partes da alma depois da morte? Uma vez que neshamah é uma centelha do divino, o Zohar diz que ela não pode pecar e, portanto, não pode ser castigada depois da morte. Nefesh e, por vezes, ruah podem ser castigadas depois da morte. Scholem diz que os cabalistas ensinam que depois da morte "nefesh fica durante algum tempo no túmulo, pairando sobre o corpo; ruah ascende ao paraíso terrestre de acordo com os seus méritos; e neshamah vai diretamente para o seu lar primitivo".

Os cabalistas posteriores ao Zohar, incluindo Isaac Luria, nomeiam dois níveis adicionais da alma que são mais elevados do que nefesh, ruah e neshamah: hayyah e yehidah. "Estes dois níveis da alma", escreve Sholem, "representavam os níveis sublimes da cognição intuitiva e considerava, se só estarem ao alcance de alguns indivíduos escolhidos."

 

A Nossa Alma e os Quatro Corpos Inferiores

 

A figura inferior na Imagem do Eu Divino representa a nossa alma. A nossa alma está revestida de quatro "corpos" distintos, chamados "quatro corpos inferiores": (1) o corpo etérico, (2) o corpo mental, (3) o corpo de desejos ou emocional e (4) o corpo físico. Estes são os veículos que a nossa alma usa durante a sua jornada na Terra. (Eles são chamados "quatro corpos inferiores" em contraste com os três "corpos superiores" que são a Presença do EU SOU, o Corpo Causal e o Santo Cristo Pessoal.) A figura inferior na imagem corresponde ao Espírito Santo, pois a nossa alma e os quatro corpos inferiores estão destinados a ser o templo do Espírito Santo.

 

O nosso corpo etérico, também chamado o corpo da memória, contém o padrão da nossa identidade. Contém ainda a memória de tudo que já se PASSOU com a nossa alma e de todos os impulsos que já foram enviados pela nossa alma desde que fomos criados. O nosso corpo mental é o veículo das nossas faculdades cognitivas. Quando está purificado pode tornar-se o cálice da Mente de Deus. O corpo de desejos contém os nossos desejos superiores e inferiores e registra as nossas emoções. O nosso corpo físico é o milagre de carne e sangue que permite à nossa alma progredir no universo material.

A Imagem do Eu Divino mostra a figura inferior de pé na chama violeta. A chama violeta é o fogo espiritual do Espírito Santo que pode ajudar a nossa alma a encontrar o caminho de retomo a Deus. Ela tem o poder purificador para consumir pensamentos negativos, sentimentos negativos e carma negativo. À medida que a invocarmos, a chama violeta penetrará na nossa mente e no nosso coração, no nosso inconsciente e subconsciente, para transmutar os nossos "pecados" passados (ou usos errados da luz das dez sefirot) e harmonizar e equilibrar todas as coisas.

Quando usamos a chama violeta para transmutar as imperfeições dos nossos corpos etérico, mental, emocional e físico, estamos abrindo caminho para que o padrão de Adão Kadmon se manifeste nesses corpos. E descobriremos que somos capazes de ancorar no nosso corpo incrementos de luz cada vez maiores para contrabalançar as trevas da Terra.

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