Ensinamentos de Kabala de Eliphas

 

Elementos de Kabala em Dez Lições

Hanumân Ramâ ( Alberto Junior).

hanumanrama@ig.com.br

albertojunior404@hotmail.com

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A Kabala 1.

 

"Senhor e irmão".

 

Posso assim lhe chamar, pois quem procura a verdade na sinceridade de seu coração e para a encontrar não tem medido sacrifícios.

 

A verdade, sendo a essência do que é, não é difícil de encontrar: ela está em nós e nós estamos nela. Ela é como a luz e os cegos não a vêem.

 

O Ser é. Isto é incontestável e absoluto. A idéia exata do Ser é a verdade; seu conhecimento é a ciência; sua expressão ideal é a razão, sua atividade é a criação e a justiça.

 

O senhor disse que quer Ter fé. Para isto basta saber e amar a verdade. Pois a verdadeira fé é a adesão inabalável do espírito às deduções necessárias da ciência no infinito conjetural.

 

Só as ciências ocultas dão a certeza, porque elas tomam por base as realidades e não os sonhos. Elas distinguem em cada símbolo religioso a verdade e a mentira. A verdade é a mesma em toda parte, a mentira varia segundo os lugares, as épocas e as pessoas.

 

Estas ciências são em número de três: Kabala, a Magia e o Hermetismo. A Kabala ou ciência tradicional dos hebreus poderia chamar-se a matemática do pensamento humano. É a álgebra a fé. Ela resolve todos os problemas da alma como se fossem equações, isolando as incógnitas. Ela dá às idéias a nitidez e a rigorosa exatidão dos números; seus resultados são para o espírito a infalibilidade (relativa, entretanto, à esfera dos conhecimentos humanos) e a paz profunda para o coração.

 

A magia ou ciência dos magos teve por representantes na Antigüidade os discípulos e talvez os mestres de Zoroastro. É o conhecimento das leis secretas e particulares da Natureza, que produzem as forças ocultas, os imãs, sejam naturais ou artificiais que podem existir fora mesmo do mundo metálico. Em uma palavra, para empregar uma expressão moderna, é ciência do magnetismo universal.

 

O Hermetismo é a ciência da natureza oculta nos hieróglifos e símbolos do mundo antigo. É a procura do princípio da vida com sonho (para aqueles que ainda não chegaram) da realização da grande obra, a reprodução pelo homem do fogo natural e divino que cria e regenera os seres.

 

Eis aqui, as coisas que deseja estudar. O círculo é imenso, mas os princípios são tão simples que são representados e contidos nos signos numerais e nas letra do alfabeto. É um trabalho de Hércules que parece uma brincadeira de criança, dizem os mestres da ciência sagrada.

 

A receita do sucesso neste estudo compreende uma grande retidão de julgamento e uma grande independência de espírito. É preciso se desfazer de todas os prejulgados e idéias preconcebidas. É por isto que Cristo dizia: Se não tiverdes a simplicidade de uma criança, não entrareis em Malkuth, isto é, no reino da ciência.

 

Começaremos pela Kabala, cuja divisão é: Bereschit, Mercavah, Gematria e Temuriah.

 

Tudo ao senhor na santa Ciência.

 

A Kabala 2.

 

Objetivo e Método.

 

O que devemos nos propor ao estudar a Kabala é chegar à paz profunda para a tranqüilidade do espírito e a paz do coração. A tranqüilidade do espírito é uma conseqüência da certeza, a paz do coração vem da paciência e da fé.

 

Sem a fé, a ciência leva à dúvida; sem a ciência a fé leva à superstição. As duas reunidas dão a certeza, e para uni-las é necessário jamais confundi-las. O objeto da fé é a hipótese, e ela torna-se uma certeza quando a hipótese é necessitada pela evidência ou pelas demonstrações da ciência.

 

A ciência constata os fatos. Da repetição dos fatos ela prejulga as leis. A generalidade dos fatos em presença de tal ou tal força demonstra a existência das leis. As leis inteligentes são necessariamente desejadas e dirigidas pela inteligência. A unidade nas leis faz supor a unidade da inteligência legislativa. Esta inteligência que somos forçados a supor segundo as abras manifestadas, mas que nos é impossível definir, é o que chamamos de Deus!

 

O Sr. Recebeu minha carta, eis um fato evidente; reconheceu minha letra e meus pensamentos e concluiu que fui eu quem lhe escreveu esta carta. Ela poderia estar falsificada, mas o senhor não tem nenhuma razão para super isso. Se o senhor supuser isso sem nenhum motivo estará fazendo uma hipótese muito duvidosa. Pretender-se a carta caiu do céu, fará uma hipótese absurda.

Eis, portando, segundo o método cabalístico, como se forma a certeza:


 

 

Evidência                                                     Certeza.

Demonstração científica                                 Certeza.

Hipótese necessária                                      Certeza.

Hipótese razoável                                         Probabilidade.

Hipótese duvidosa                                        Dúvida.

Hipótese absurda                                         Erro.

 

Seguindo este método, o espírito adquire uma verdadeira infalibilidade, pois afirma o que sabe, crê naquilo que necessariamente deve supor, admite as suposições razoáveis, examina as suposições duvidosas, e rejeita as suposições absurdas.

"Toda a Kabala está contida no que os mestres chamam as trinta e duas sendas e as cinqüenta portas. As trintas e duas sendas são trinta e duas idéias absolutas e reais ligadas aos signos dos dez números da aritmética e às vinte e duas letras do alfabeto hebraico. "

 

Eis aqui estas idéias:

 

Números:

1 – Potência suprema.

6 – Beleza.

2 – Sabedoria absoluta.

7 – Vitória.

3 – Inteligência infinita.

8 – Eternidade.

4 – Bondade.

9 – Fecundidade.

5 - Justiça ou rigor.

10 – Realidade.

 

Letras:

Aleph.

Pai.

Lamed.

Sacrifício

Beth.

Mãe.

Mem,

Morte.

Ghimel.

Natureza.

Nun.

Reversibilidade

Daleth.

Autoridade.

Samech.

Ser Universal.

He.

Religião.

Hain.

Equilíbrio.

Vau.

Liberdade.

Phe.

Imortalidade.

Zain.

Propriedade.

Tsade.

Sombra e Reflexo.

Chet.

Repartição.

Koph.

Luz.

Teth.

Prudência.

Resch.

Reconhecimento

Iod.

Ordem.

Schin.

Fogo.

Caph.

Força.

Thau.

Síntese.

 

Kabala 3.

 

Uso do Método.

 

"Na lição precedente, não falei senão das trinta e duas sendas, mais adiante indicarei as cinqüenta portas"

 

"As idéias expressas pelos números e pelas letras são realidades incontestáveis. Essas idéias encadeiam-se e se acordam como os próprios números. Procede-se logicamente de um e de outro. O homem é filho da mulher, mas a mulher sai do homem, como o número da unidade. A mulher explica a natureza, a natureza revela a autoridade, cria a religião que serve de base à liberdade e que torna o homem mestre de si mesmo e do universo, etc. procura um tarot (mas creio que o senhor já tem um) e o disponha em duas séries de dez cartas alegoricamente numeradas de um a vinte um. Verá todas as figuras que explicam as letras. Quanto aos números de um a dez, encontrará a explicação quatro vezes repetidas com os símbolos do bastão ou cetro do pai, taça ou delícias da mãe, espada ou combate do amor, e ouros ou fecundidade. O Tarot está no livro hieroglífico das trinta e duas sendas e sua explicação sumária encontra-se no livro atribuído ao patriarca Abrão, que denominamos Sepher-Yetsirah.

 

"O sábio Court de Gebelin foi o primeiro a adivinhar a importância do Tarot, que é a grande chave dos hieróglifos hieráticos. Encontramos os símbolos e os números nas profecias de Ezequiel e de São João. A Bíblia é um livro inspirado, mas o Tarot é o livro inspirador. Ele foi chamado também a roda, rota, que origina palavra tarot e tora. Os antigos rosa-cruzes o conheciam e o marquês de Suchet fala dele em seu livro sobre os iluminados”.

 

"Os antigos Tarots eram medalhas de onde se originaram mais tarde os talismãs. as clavículas ou pequenas chaves de Salomão eram compostas de trinta e seis talismãs portando setenta e duas impressões análogas às figuras hieroglíficas do Tarot. Essas figuras alteradas pelos copistas encontram-se ainda nas antigas clavículas manuscritas que existem nas bibliotecas. Existe um desses manuscritos na Biblioteca Nacional de Paris e um outro na Biblioteca do Arsenal. Os únicos manuscritos autênticos das clavículas são os que dão a série dos trinta e seis talismãs com os setenta e dois nomes misteriosos; os outros, por antigos que sejam, pertencem aos delírios da magia negra e não contêm senão mistificações."

 

A Kabala 4.

 

"Bereschith quer dizer "gênese", Mercavah " carro", por alusão às rodas e aos animais misteriosos de Ezequiel. O Bereschith e a Mercavah resumem a ciência de Deus e do Mundo".

 

"Digo: ciência de Deus", e, contudo Deus nos é infinitamente desconhecido. Sua natureza escapa completamente de nossas investigações. Princípio absoluto do ser e dos seres, não se pode confundi-lo com os efeitos que produz e podemos dizer, ao mesmo tempo que afirmamos sua existência, que Ele não é nem o ser nem um ser. Isso confunde a razão sem a desvirtuar e nos afasta para sempre de toda idolatria.

 

"Deus é o único postulatum absoluto de toda ciência, a hipótese absolutamente necessária que serve de base a toda certeza. Eis como nossos antigos mestres estabeleceram sobre a própria ciência esta hipótese certa da fé: o Ser é. No Ser está a vida. A vida se manifesta pelo movimento. O movimento se perpetua pelo equilíbrio das forças. A harmonia resulta da analogia dos contrários. Existe, na natureza, a lei imutável e o progresso indefinido. Modificação perpétua nas formas, indestrutibilidade da substância, eis o que encontramos ao observar o mundo físico."

 

"A metafísica lhe apresenta leis e fatos análogos, seja de ordem intelectual, ou seja de ordem moral, o verdadeiro, imutável de um lado, de outro a fantasia e a ficção. De um lado o bem que é o verdadeiro, de outro o mal que é falso e desses conflitos aparentes emergem o julgamento e a virtude. A virtude se compõe de bondade e de justiça. Quando bondade, a virtude é indulgente; quando justa, ela é rigorosa. Ela é boa porque é justa; é justa; é justa porque é boa; ela se mostra bela."

 

"Esta grande harmonia do mundo físico e do mundo moral, não podendo Ter uma causa superior a ela mesma, nos revela e demonstra a existência de uma sabedoria imutável, princípio e leis eternas, e de uma inteligência criadora, infinitamente ativa. Sobre esta sabedoria e sobre esta inteligência, inseparável uma da outra, repousa esta potência suprema que os hebreus chamam a coroa. A coroa e não o rei, pois a idéia de um rei implicaria na de um ìdolo. A potência suprema é, para os cabalistas, a coroa do universo; a criação inteira é o reino da coroa ou, se quiser, o domínio da coroa. Ninguém pode dar aquilo que não tem e nós podemos admitir virtualmente na causa que se manifesta pelos efeitos."

 

"Deus é, portanto, a potência ou coroa suprema (Kether) que repousa sobre a sabedoria imutável (Chocmah) e a inteligência criadora (Binah); nele estão a bondade ( Chesed), e a justiça (Geburah), que são o ideal da beleza (Tiphereth). Nele estão o movimento sempre vitorioso (Netsah) e o grande repouso eterno (Hod). Seu querer é uma criação contínua (Yesod), e seu reino (Malkuth) é a imensidade que povoa o universo."

"Paremos aqui: conhecemos Deus!"

"Tudo ao senho na Santa Ciencia."

 

A Kabala 5.

 

"Senhor e Irmão”.

 

"Este conhecimento racional de divindade, escalonado nos dez algarismos que compõem todos os números, lhe dá todo o método da filosofia cabalística. Este método se compõe de trinta e dois meios ou instrumentos de conhecimento que denominamos as trinta e duas sendas e os cinqüenta temas aos quais a ciência pode ser aplicada e que denominamos as cinqüenta portas”.

 

"A ciência sintética universal é assim considerada como um templo ao qual conduzem trinta e dois caminhos e nos quais entramos por cinqüenta portas. Este sistema numeral, que também se poderia chamar decimal, porque o número dez é a base, estabelece, pelas analogias, uma classificação exata de todos os conhecimentos humanos. Nada é mais engenhoso, mas também nada é mais lógico nem mais exato”.

 

"Esse número dez, aplicado às noções absolutas do ser na ordem divina, na ordem metafísica e na ordem natural, se repete assim três vezes e dá trinta pelos meios de análise; junte a silepse e a síntese, a unidade que começa por se propor ao espírito e aquela do resumo universal, e o senhor terá as trinta e duas sendas”.

 

"As cinqüenta portas são uma classificação de todos os seres em cinco séries de dez cada uma, que abarca todos os conhecimentos possíveis e reina sobre todos os ramos do saber humano."

 

"Mas não é suficiente Ter encontrado um método matemático exato. Para ser perfeito é necessário que esse método seja progressivamente revelador, isto é, que ele nos dê o meio de tirar exatamente todas as deduções possíveis para obter conhecimentos novos e desenvolver o espírito sem nada deixar ao capricho da imaginação”.

 

"É o que obtemos pela Gematria e pela Temurah, que são as matemáticas das idéias. A Kabala tem sua geometria ideal, sua álgebra filosófica e sua trigonometria analógica. É assim que ela força a natureza, de certa maneira, a lhe revelar seus segredos."

 

"Esses profundos conhecimentos estando adquiridos, se passa às últimas revelações da Kabala transcendental, e se estuda no Shemamphorash a origem e a razão de todos os dogmas”.

 

"Eis, Senhor e amigo, o que devemos aprender. Vê se isto não lhe assusta; minhas cartas são curtas, mas são resumos bastante concisos e que dizem muito em poucas palavras. Coloquei um espaço bastante longo entre minhas cinco primeiras lições para lhe deixar tempo para refletir; posso lhe escrever mais seguidamente, se deseja."

 

"Crê, Senhor, em meu ardente desejo de lhe ser útil. Seu devotado amigo na Santa Ciência.

 

A Kabala 6.

 

"Senhor e irmão.

"A Bíblia dá ao homem dois nomes. O primeiro é adão, que significa tirado da terra ou homem da terra; o segundo é Enos ou Enoque, que significa homem divino ou elevado até Deus. Seguindo a Gênese é este Enos quem primeiro enderaça homenagens públicas ao princípio dos seres, e este Enos, o mesmo que Enoque, foi, segundo dizem, elevado vivo ao céu após Ter gravado sobre duas pedras, que se chamam as colunas de Enoque, os elementos primitivos da religão e da ciência universal."

 

"Este Enoque não é um personagem, é uma personificação da humanidade elevada ao sentimento da imortalidade, pela religião e pela ciência. Na época designada pelo nome de Enos ou de Enoque, o culto de Deus apareceu sobre a terra e o sacerdócio começou. Assim começa a civilização com a escrita e os movimentos hieráticos."

 

"O gênio civilizador que os hebreus personificam em Enoque, os egípcios chamaram Trismegisto, e os gregos Kadmos ou Cadmus, aquel que, sob os acordes de lira de Anfião, viu as pedras vivas de Tebas erguerem-se e alinharem-se por si mesma.

 

"O livro sagrado primitivo, o livro que Postelo denominou a gênese de Enoque, é a fonte primitiva da Kabala ou tradição, ao mesmo tempo divina, humana e religiosa. Aí nos aparece, em toda sua simplicidade, a revelação da inteligência suprema à razão e ao amor do homem, a lei eterna regulando a expansão infinita, os números em expansão infinita, os números na imensidade e a imensidade nos números, a poesia na matemática e matemática na poesia”.

 

"Quem acreditasse que o livro inspirador de todas as teorias e de todos os símbolos religiosos teria sido conservado e chegado até n´ss sob a forma de um jogo com posto por cartas bizarras? Nada é mais evidente entretanto, e Court de Gebelin, seguido depois por todo aqueles que estudaram seriamente o simbolismo dessas cartas, foi no século passado o primeiro a descobri-lo."

 

"O alfabeto e os dez signos dos números, eis certamente o que há de mais elementar nas ciências. Junte os sinais dos quatros pontos cardeais do céu ou das quatro estações, e terá o livro de Enoque inteiro. Porém cada sinal representa uma idéia absoluta, ou, se quiser, essencial."

 

"A forma de cada algarismo e de cada letra tem sua razão matemática e sua significação hieroglífica. As idéias, inseparáveis dos números, seguem, adicionando-se, dividindo-se, ou multiplicando-se, etc., o movimento dos números e adquirem sua exatidão. O livro de Enoque é, enfim, a aritmética do pensamento”.

 

"Tudo ao senhor na Santa Ciência."

 

A Kabala 7

 

"Court de Gebelin viu nas vinte e duas chaves do Tarot a representação dos mistérios egípicios e atribuiu sua invenção a Hermes ou Mercúrio Trismegisto, que era também conhecido por Thaut ou Toth. É certo que os hieróglifos do Tarot encontram-se nos antigos monumentos do Egito; é certo que os signos desse livro, traçados em conjuntos sinóticos sobre monolitos ou sobre tábuas metálicas semelhantes à tábua isíaca (que tem relação com Ìsis, a deusa egípicia do casamento e da família, esposa de Osíris e mãe de Horus) de Bemdo, eram reproduzidos separadamente sobre pedras gravadas ou sobre medalhas que originaram mais tarde os amuletos e os talismãs. Separavam-se, assim, as páginas do livro infinito em suas diversas combinações para os reunir, transpor e os dispor de uma maneira sempre nova, para se obter os oráculos inesgotáveis da verdade."

 

"Eu possuo um desses talismãs antigos que me foi trazido do Egito por um viajante, que é um dos meus amigos. Ele representa o binário dos ciclos ou, vulgarmente, os dois de outros. É a expressão figurada da grande lei da polarização e do equilíbrio, produzindo a harmonia pela analogia dos contrários; eis como esse símbolo é figurado no Tarot que possuímos, e que ainda encontramos à venda."

 

"A medalha que possuo está um pouco desgastada pelo tempo; ela é do tamanho de uma moeda de cinco francos, mas um pouca mais grossa. Os dois ciclos polares aí estão figurados exatamente como no Tarot italiano, com uma flor de lótus e uma auréola ou nimbo."

 

"A corrente astral, que separa e atrai ao mesmo tempo os dois centros polares, está representada, em nosso talismã egípcio, pelo bode de Mendes, colocado entre as duas víboras análogas às serpentes do caduceu de Hermes. No reverso da medalha, observa-se um adepto ou um sacerdote Egípcio que, estando substituindo o bode de Mendes entre os dois ciclos de equilíbrio universal, conduz por uma estrada orlada de árvores o bode tornado dócil como um simples animal, sob a baqueta do homem que imita Deus”.

 

"Os dez signos dos números, as vinte e duas letras do alfabeto hebraico e os quatro signos astronômicos das estações constituem o sumário e o resumo da Kabala. Vinte e duas letras e dez números dão as trinta e duas sendas do Sepher Yetsirah; quatro origina Mercavah e o Schemamplhorash. É simples como um brinquedo de criança e complicado como os mais árduos problemas de matemática pura. É ingênuo e profundo como a verdade e como a natureza. Esses quatro signos elementares e astronômicos são as quatro formas de esfinge e os quatro animais de Ezequiel e de São João."

 

"Tudo ao Senhor na Santa Ciência."

  

A Kabala 8.

 

"A ciência da Kabala torna impossível a dúvida em matéria de religião, porque só ela concilia a razão coma fé, mostrando que o dogma universal diversamente formulado, mas no fundo em todos os lugares sempre o mesmo, é a expressão a mais pura das aspirações do espírito humano esclarecido por uma fé necessária. Ela faz compreender a utilidade das práticas religiosas que, fixando a atenção, fortificam a vontade, lançando igualmente uma luz superior sobre todo os cultos, ela prova que o mais eficiente de todos os cultos é aquele que por sinais adequados aproxima por assim dizer a divindade do homem, fazendo-lhe vê-lo, tocá-la e incorporá-la de certa maneira. Basta dizer que se trata da religião católica."

 

"Esta religião, tal como aparece ao vulgo, é a mais absurda de todas, por que é a mais revelada. Emprega esta palavra no seu verdadeiro sentido, revelare, re-velar, velar de novo. O senhor sabe que o Evangelho é dito que por ocasião da morte do Cristo o véu do templo se rasgou inteiramente e todo o trabalho dogmático da igreja através dos tempos em sido de tecer e de hordar um novo véu”.

 

É verdade que os próprios guardiões do santuário, por terem desejado ser príncipes, perderam há muito tempo as chaves da alta iniciação. Isso não impede a letra do dogma de ser sagrada e os sacramentos de serem eficazes. Estabeleci em minhas obras que o culto cristão-católico é a mais alta magia organizada e regulada pelo simbolismo e hierarquia. É uma combinação de auxílio oferecida à fraqueza humana para afirmar sua vontade no bem“.

 

"Nada foi negligenciado, nem o templo misterioso e sombrio, nem o incenso que acalma e que exalta ao mesmo tempo, nem os cânticos prolongados e monótonos que acalentam o cérebro em um semi-sonambulismo. O dogma, cujas fórmulas obscuras parecem o desespero da razão, serve de barreira às petulâncias de uma crítica inexperiente e indiscreta. Eles parecem insondáveis para melhor representar o infinito. O próprio ofício, celebrado em uma língua que a massa do povo não entende, amplia assim o pensamento daquele que ora e o deixa encontrar na prece tudo aquilo que esteja em relação com as necessidades de seu Espírito e de seu coração. Eis porque a religião católica assemelha-se a essa esfinge da fábula que se sucede de século em século e renasce sempre de suas cinzas; este grande mistério da fé é simplesmente um mistério da natureza”.

 

"Pareceria um enorme paradoxo se disséssemos que a religião católica é a única que pode ser justamente chamada de natural; e, contudo, isso é verdade, pois só ela satisfaz plenamente a essa necessidade natural do homem, que é o sentimento religioso”.

 

A Kabala - 9.

 

"Senhor e Irmão"

 

"Se o dogma cristão-católico é inteiramente cabalístico, é preciso afirmar a mesma coisa daquele dos grandes santuários do mundo antigo. A lenda de Krishna, tal qual a relata o Bhagavadam, é um verdadeiro evangelho, semelhante aos nossos, mas mais ingênuo e mais brilhante. As encarnações de Vishu são em número de dez como as sefirotes da Kabala e formam uma revelação mais completa por assim dizer do que a nossa. Osíris morto por Tifon, depois ressuscitado por Ìsis, é o Cristo renegado pelos judeus, depois honrado na pessoa de sua mãe. A Tebaida é uma grande epopéia religiosa que se deve colocar ao lado do grande símbolo de Prometeu. Antígona é um tipo de mulher divina tão puro como o de Maria. Em toda a parte o bem triunfa pelo sacrifício voluntário após Ter sofrido por uns tempos as investidas desordenadas da força fatal."

 

"Os próprios ritos são simbólicos e se transmitem de uma religião à outra. As tiaras, as mitras, os sobrepelizes pertencem a todas as grandes religiões. Depois se conclui que todas são falsas, mas é a conclusão que é falsa. A verdade é que a religião é uma como a humanidade, progressiva como ela e resta sempre a mesma, transformando-se sempre."

 

"Se entre os egípcios Jesus Cristo chama-se Osíris, entre os escandinavos Osíris chama-se Balder. Ele é morto pelo lobo Jeuris, mas Woda ou Odin o chama à vida, e as próprias valquírias vertem o hidrome no Walhalla. Os escaldos, os druídas, os bardos contam a morte e a ressureição de Tarenis ou Tetenus, disdribuem a seus fiéis o visco sagrado como nós distribuímos o ramo bento nas festas do solstício de verão e rendem um culto à virgindade inspirada das sacerdotisas da ilha do Sena."

 

"Podemos, portanto, coincidentemente e com toda a razão, cumprir os deveres que nos impõe nossa religião materna. As práticas são atos coletivos e repetidos com uma intenção direta e perseverante. Ora, atos semelhantes são sempre úteis a empregar e, fortificando a vontade, da qual eles são a ginástica, nos fazem chegar ao objetivo espiritual que queremos atingir. As práticas mágicas e os passes magnéticos não têm outra finalidade e dão resultados análogos aos das práticas religiosas, mas mais imperfeitos”.

 

"Quantos homens não têm a energia de fazer o que gostariam de fazer e o que deveriam fazer? Existem um grande número de mulheres que se consagram sem desânimo aos trabalhos tão repugnantes e tão difíceis de enfermagem e do ensino! Onde encontram elas tanta força? Na pequenas práticas repetidas. Elas recitam todos os dias seu ofício e seu terço e fazem de joelhos a oração e o exame da consciência particular."

 

"Tudo ao senhor na Santa Ciência."

 

A Kabala 10.

 

"Senhor e Irmão".

 

"A religião não é uma servidão importa ao homem, é um auxílio que lhe é ofertado. As castas sacerdotais têm procurado em todos os tempos explorar, vender a transformar esses auxílios em um jugo insuportável e a obra evangélica de Jesus tinha por objetivo separar religião do sacerdote ou pelo menos de recolocar o sacerdote em seu lugar de ministro ou servidor da religião, restituindo à consciência do homem toda sua liberdade e sua razão. Veja a parábola do bom samaritano e estas preciosas frases: "a lei é feita para o homem e não o homem para a lei." , " infelicidade para vós que armais e que colocais sobre dos outros os fardos que não quereríeis tocar nem com a ponta dos dedos " (et., etc...). A Igreja oficial declara-se infalível no Apocalypse, a chave cabalística dos evangelhos, e sempre existiu no cristianismo uma igreja oculta ou joanita que, por respeito à necessidade da Igreja Oficial, conservou do dogma uma interpretação diferente daquela que se dá ao vulgo."

 

“O caráter distintivo desta escola é o de evitar a publicidade e nunca se constituir em seita dissidente. O conde Joseph de Maistre, este católico tão radical, era, ainda que não se acredite, simpatizante da Sociedade dos Martinistas e anunciava uma regeneração próxima do dogma pelas luzes que emanariam dos santuários do ocultismo. Existe ainda hoje, padres fervorosos que são iniciados na doutrina antiga; os discípulos de Saint Martin faziam chamar-se Filósofos Desconhecidos; os discípulos de um mestre moderno, tão felizes por serem ainda mais ignorados, não têm necessidade de tomar nenhum nome, pois o mundo nem mesmo suspeita de sua existência. Jesus disse que o fermento deve permanecer oculto no fundo da vasilha que contém a massa, para trabalhar à noite em silêncio, até que a fermentação tenha invadido pouco a pouco toda a massa que dever formar o pão."

 

"Um iniciado pode, portanto, com simplicidade e sinceridade, praticar a religião não qual nasceu, pois todos os ritos representam diversamente um só e mesmo dogma; porém, não deve abrir o fundo de sua consciência senão a Deus e não deve revelar a ninguém suas crenças mais íntimas. O padre não saberia julgar o que o próprio papa não compreende. Os signos exteriores do iniciado são a ciência modesta, a filantropia sem ostentação, a uniformidade de caráter e a mais inalterável bondade”.

 

"Tudo ao senhor na Santa Ciência."

 

("Eliphas Levi")

Bendita Seja a Grande Fraternidade Branca.

Om, Om, Om.

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