Profissionais bem-sucedidos

Publicação do Instituto Presbiteriano Mackenzie

Ano IX – Nº 41 - 2008

 

Em um mundo globalizado e informatizado, a briga pelo trabalho aumenta cada dia e torna cada vez mais difícil saber exatamente o que fazer para conseguir não só uma colocação, mas trabalhar numa empresa agradável, que não torne o dia-a-dia um peso na vida. Claro que não há uma fórmula pronta para unir felicidade e carreira, mas podemos, sim, chegar perto disso.

 

Pode-se dizer que o primeiro passo para quem vai entrar no mercado de trabalho é o planejamento da carreira. Segundo Sheila Saad, professora de Recursos Humanos do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) do Mackenzie, “não há fórmula pronta para conseguir emprego”. E a sua dica é observar, observar muito. “Temos de ver o que o mercado necessita e tentar nos enquadrar. O mercado está saturado, os empregos diminuíram, mas temos de observar as oportunidades que aparecem. A primeira coisa a fazer é descobrir quem somos – quais os nossos pontos fortes e fracos, o que projetamos, aonde queremos chegar, em que empresa esperamos trabalhar. Isso para que o candidato leve a carreira, e não ela o leve. A empresa tem interesse em desenvolver o funcionário. Para ela, é infinitamente melhor que ele fique mais tempo. O jovem está sem perspectiva do que fazer e resolve o que quer por eliminação”.

 

Planejamento e Carreira

 

A definição do “rumo” é muito importante para delinear o futuro no mercado. A professora do curso de Comércio Exterior, Cláudia Forte, também do CCSA, costuma dizer que muitos jovens sofrem da síndrome de Alice. “Os jovens sofrem porque muitos pais pedem que invistam na carreira – que comecem por baixo e subam postos até chegar a presidente da empresa. Essa realidade não existe. Uma pesquisa nos Estados Unidos, feita em 2006, mostrou que hoje esses jovens trocarão, em média, de dez a dezenove vezes de emprego em sua vida profissional”. Ela explica que, por isso, a flexibilidade passa a ser prioritária, por exemplo, como habilidade profissional. Ou seja, ser bom o bastante para trabalhar em diversas coisas ao mesmo tempo, como atuar em uma ONG, ser voluntário, estar em uma multinacional, quebrar como empresário e ter a capacidade de se reerguer. Isso é apenas uma questão de perspectiva, de encarar o que vem pela frente como uma forma de crescimento, e não como uma ameaça.

 

O planejamento seguramente evitará muita infelicidade, como esclarece a professora Raquel. "Em uma cidade como São Paulo, o jovem, aos 17 anos, fica enlouquecido porque precisa de uma segunda língua, só o inglês não basta; e a pressão fica maior e vai piorando ao longo da vida. Se ele deixar que a carreira o leve, chegará aos 40 anos sem perspectiva:'

 

Realização profissional

 

Tentar se encaixar numa atividade que dê prazer pode ser a chave para uma vida profissional mais calma, mais prazerosa. "Eu planejei minha carreira. Fui executiva de banco por 13 anos e, depois, investi na área acadêmica. E isso foi essencial: todo mundo deveria fazer o que gosta. Não é mais fácil, é mais prazeroso. A maioria das pessoas opta pelo que dá mais lucro, e não pelo que dá mais prazer", conta a professora Cláudia.

 

Definir os passos futuros é fundamental para conseguir sucesso no trabalho.Autor de vários livros, o médico psiquiatra com pós­graduação em Gestão de Negócios Roberto Shinyashiki acredita que o sucesso ocorre por conta da capacidade do ser humano em realizar seus sonhos e ser feliz. Para ele, "uma pessoa sem objetivo sempre acaba perdida, porque a vida a leva, sem rumo". E, por isso, aconselha:"Procure saber exatamente o que você quer, e não tenha pena de gastar tempo determinando seus reais objetivos. As pessoas com objetivos claros sempre levam vantagem na carreira".

 

E como planejar a carreira? Bem, a primeira coisa a fazer é tentar descobrir a vocação. "Todo mundo nasceu para fazer algo. Precisamos nos conhecer: gosto de trabalhar em grupo ou sozinha? Gosto de aparecer ou ficar na retaguarda? Gosto de vender ou comprar? Ou seja, as pessoas precisam se descobrir. Então, o primeiro passo é autoconhecimento. O segundo é a diversidade, a variedade de experiências, pois as pessoas experimentam pouco. Um menino de 18 anos que chora porque perdeu o emprego é muito decepcionante. Na verdade, ele não perdeu, mas terá uma nova perspectiva, e isso ele não percebeu", revela a professora Cláudia.

 

O planejamento de uma carreira não é feito apenas uma vez. Para funcionar bem, "deve ser revisto de dois em dois anos, no mínimo", segundo a professora Sheila. "É preciso ver o que é essencial naquele momento. O que é importante hoje pode não ser daqui a algum tempo, pois tudo muda. Os valores mudam", explica. Após essa análise, a pessoa passa para o segundo passo, que é definir o que quer para sua vida, qual seu objetivo. Depois deve analisar o mercado e, em seguida, construir um plano para definir o "onde estou, para onde vou e o que quero para mim".

 

Competência é a base de tudo

 

A escola tem papel fundamental na formação do jovem. "A universidade tem papel crucial. Além de ensinar, temos de educar. Ensinar é pôr conhecimento para dentro, e educar é pôr para fora. O que vai diferenciar o aluno de outros que se candidatam e se equivalem é o comportamento, a facilidade de gerir um conflito, como ele enxerga a diversidade dentro de uma instituição, como ele toma decisões", diz a professora Cláudia.

 

A competência é quesito primordial na concorrência profissional, e mesmo na vida em geral. "O mundo profissional exige isso. Ninguém engana mais um cliente ou um concorrente, e, o que é mais dramático, ninguém engana mais a vida. A vida sempre nos devolve o resultado de nossa competência. E ela é a base de tudo: conhecer a teoria e a prática de cada procedimento, dominar seus detalhes, nuances e variações. É também saber concretizar. E, o mais importante: a felicidade se baseia na competência. Para ser feliz, é necessário desenvolver as habilidades para realizar planos. A pessoa que se dedica a um projeto, mas não tem competência para realizá-lo, vai, inevitavelmente, se sentir frustrada. Para um empreendedor, o raciocínio é o mesmo: sem competência, montar um negócio pode ser um passaporte para o inferno", revela Shinyashiki.

 

O médico diz ainda que toda pessoa deve estar preparada para mudanças e, por isso, sair de um trabalho e procurar outro não é nenhum drama insolúvel. "A vida muda quando você muda! Se quer que os seus resultados mudem, você tem de mudar antes. A sua capacidade determina o tamanho das suas conquistas. Por essa razão, o campeão adora vitórias, não para receber elogios, mas para conhecer a sua força. Estar vivo é estar em permanente evolução. O verdadeiro vencedor nunca desiste. Para fazer novas conquistas, é preciso deixar para trás as velhas, que já não são mais úteis."

 

E Shinyashiki enfatiza dizendo que "trabalho e amor são a base da realização do ser humano, mas trabalho não significa desperdiçar dois terços da vida em troca de dinheiro no final do mês. É algo mais do que desperdiçar o dia para garantir a noite, desperdiçar a juventude para garantir a velhice... O trabalho propicia alegria, chances de aprendizado, desafios".




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