Coaching – conduzindo ao sucesso que você merece
André Dametto, Professor de MBAs (UFRJ), consultor empresas e coach certificado ICI.
Revista HSM Management – julho/2007


A inteligência e ação do ser humano criaram ciências para os mais diversificados campos do conhecimento. Contamos com o suporte de um bom médico quando precisamos de um tratamento de saúde, de um engenheiro quando precisamos elaborar um projeto, ou de um professor quando temos uma necessidade de desenvolvimento.

Entretanto, muitas vezes nos questionamos qual é a nossa estratégia primordial, a nossa prioridade: ir ao médico, contratar um engenheiro para reformar nosso apartamento ou desenvolver uma competência muito requisitada no trabalho. E aí, a quem recorrer? A resposta está no próprio ser; entretanto, seria muito bom contar com um profissional especializado que nos apóie a definir objetivos e agir em busca da conquista de metas que conduzam à missão de vida. E este profissional existe: o coach. O nome do seu processo de trabalho é coaching.

O coaching já existe há muitos séculos: ainda na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates, por meio de perguntas, fazia com que seus discípulos interpretassem um desafio e ampliassem seu conhecimento sobre a situação. O termo coaching vem do inglês medieval coche, e do moderno coach–carruagem. Desta analogia, vem o conceito de conduzir alguém a um ponto desejado. O coaching tem o objetivo de ajudar as pessoas a se empenharem no alcance de suas metas. Estas, por sua vez, devem estar alinhadas com o sonho de cada pessoa, seu porquê, e identificá-lo contribui para que suportemos os “comos” na vida.

Chamamos de coachee o cliente que participa do coaching. Para que este processo tenha resultados efetivos, é fundamental que o coachee seja responsável por seu próprio sucesso, e se comprometa desde a primeira reunião de coaching. Isto exige uma vontade de mudar verdadeira, maturidade para dar e receber feedback, e disposição para experimentar diferentes formas de aprendizado.

O ser humano sempre é bem-sucedido: mesmo quando fracassa, está planejando e agindo de forma a obter os resultados “indesejados”. Para mudar resultados então, é primordial investigar, criticar e mudar percepções, pensamentos, sentimentos e ações que não estão sendo úteis. O ser humano tem total liberdade de mudar suas crenças à medida que sejam úteis ou não em cada contexto de vida.

Você pode estar se perguntando: qual a diferença entre o coaching e uma terapia psicológica convencional? A terapia e o aconselhamento focam em entender o passado do paciente, para melhorá-la no presente e futuro. O coaching não busca causas e possíveis traumas no passado, e sim momentos de ótima performance que todos nós já tivemos, e que permitam repetir bons resultados no futuro. No coaching, o foco está na solução, e não nos problemas. Benjamin Schianberg afirmou: "O segredo não é descobrir o que as pessoas escondem, e sim entender o que elas mostram." O coach pode trabalhar com um cliente que tenha uma vida ótima, mas que queira torná-la ainda melhor.

O coaching tampouco é sinônimo de treinamento ou consultoria. O treinamento e a consultoria envolvem a transferência de habilidades e conhecimentos técnicos e gerenciais ao cliente. O professor e o consultor são especialistas no assunto. No coaching isso não acontece, já que o coach não é um especialista na profissão do cliente. A consultoria é focada no sistema de negócios como um todo, havendo ganhos indiretos para as pessoas. O coaching é focado nas pessoas, havendo ganhos indiretos para a o sistema de negócios.

Focando em metas individuais, o coaching foca o desenvolvimento de competências para as vivências pessoais e profissionais. Na recente pesquisa How executives grow, da empresa de Consultoria McKinsey, foi evidenciado que a maioria das organizações é deficiente no desenvolvimento de seus executivos. Freqüentemente, acreditam que o talento das pessoas será desenvolvido por si só, ou que as competências necessárias podem sempre ser trazidas do mercado. As evidências práticas mostram que deixar o desenvolvimento da alta liderança ao acaso pode ser um fator de risco para o sucesso dos negócios.

O coaching não dá as respostas, mas faz as perguntas certas. Galileu sabiamente afirma: “Você não pode ensinar algo a um homem. Você pode somente ajudá-lo a descobrir sozinho.” O coachee aprende num processo maiêutico, onde o coach se utiliza de perguntas que se multiplicam, a fim de levar o coachee a responder as próprias questões. Há a vantagem de funcionar como verdadeiro exercício mental, já que, utilizando seus próprios conhecimentos, o coachee desenvolve a capacidade associativa, otimizando recursos na estruturação de seu raciocínio e intuição.

As vantagens de o cliente buscar por si mesmo as respostas, em vez de receber dicas como no aconselhamento, é que as respostas obtidas são suas, então existe muito mais comprometimento para colocar as idéias em prática. As pessoas precisam mais ser lembradas daquilo que já sabem do que ensinadas. Todos nós já sabemos muito mais do que imaginamos e cabe a nós a responsabilidade de descobrirmos e aproveitarmos o potencial que já possuímos. O coaching não cria dependência, pois o propósito maior deste tipo de trabalho é que o cliente seja autônomo e alcance o que quer, sendo o único responsável pelos resultados advindos. O coaching trabalha para tornar o cliente mais autoconfiante. Um coach não faz terapia, e recomendará um especialista caso este procedimento seja necessário.

O coaching está obtendo crescente aceitação no meio empresarial porque é um dos investimentos de desenvolvimento organizacional mais atrativos na relação custo-benefício. Um bom trabalho de coaching é necessariamente focado em resultado, seja para o indivíduo ou para a organização que o contrata. A fim de mensurar a atratividade de programas de coaching, a Fortune 500 publicou recentemente um estudo buscando calcular o ROI (retorno sobre investimento) de um programa de coaching de executivos.

O resultado foi que o programa produziu um ROI de 529%, ou seja, um retorno cinco vezes maior sobre o valor investido em coaching. As principais fontes de valor foram: aumento de produtividade (53% dos executivos), aumento da qualidade (48%), melhoria na organização (48%), melhoria no atendimento ao cliente (39%), aumento da retenção dos executivos que receberam coaching (32%), redução de custos (23%), melhoria no relacionamento entre subordinados diretos (77%), melhoria no trabalho em equipe (67%), melhoria no relacionamento com pares (63%), aumento da satisfação no trabalho (61%), redução de conflitos (52%) e aumento do comprometimento com a organização (44%).

Outro estudo feito pela Xerox concluiu que, na ausência de acompanhamento de coaching, 87% das habilidades aprendidas em um treinamento eram perdidas. Mesmo que o treinamento seja de alta qualidade, sua efetividade no longo prazo fica comprometida na ausência de um programa efetivo de coaching.

Existem diversos tipos de coaching, o que muda são os propósitos do cliente:

Coaching de vida - lida com todos os aspectos da vida do cliente, sejam pessoais ou profissionais, na saúde ou nos relacionamentos. Muitas vezes, os coaches de vida ajudarão um cliente no seu trabalho, porque o seu trabalho é uma parte importante da sua vida, mas não se concentram somente no trabalho. Um coach de vida é o único profissional treinado para lidar com todos os aspectos da vida do cliente.

Coaching executivo - focado em executivos e profissionais liberais que queiram melhorar sua liderança e tomada estratégica de decisões. O coaching executivo é praticado por mais de 60% dos presidentes das maiores empresas dos EUA, segundo dados da Revista Fortune 500; e é apontado por especialistas em gestão com uma das mais importantes ferramentas para desenvolvimento de carreiras.

Coaching de equipe - a equipe é auxiliada no alcance de seu melhor desempenho, apoiando-a para que trabalhe com efetividade.

Coaching esportivo - estimula o jogador aprendiz a aprimorar suas técnicas. O coach geralmente é um jogador veterano, especialista no esporte em questão.

Coaching de carreira - ajuda as pessoas que querem encontrar um trabalho, mudar de carreira ou voltar ao mercado de trabalho. Este tipo de trabalho é muito indicado para profissionais em início de carreira, como os jovens que cada vez mais cedo se defrontam com os desafios do competitivo mercado de trabalho. Planejar o seu sonho e a partir dele escolher qual faculdade ou trabalho em que irá atuar aumenta as chances de sucesso de qualquer profissional.

A operacionalização do coaching é decidida entre o coach e o cliente. Ambos decidem em conjunto o número de sessões, o local onde elas serão feitas (presencialmente, por telefone ou software de bate-papo com voz) e a duração (recomenda-se de três a seis meses). Cada coach sugerirá um contrato de trabalho diferente, de acordo com o propósito do cliente. O investimento no trabalho de coaching varia muito de país para país, e também depende da especialidade e experiência do coach, por isso a negociação ocorre de acordo com o trabalho que o cliente quer contratar.
Para contratar um coach, recomenda-se buscar no mercado a indicação de profissional competente, ou acessando a base de dados da comunidade internacional de coaching (www.icfbrasil.org), que indicará um coach na região onde você mora.


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